Thursday, October 15, 2009

A TV que nunca será

Já li artigos de todos os tipos sobre o fim da imprensa – quando o rádio surgiu, o fim do rádio – quando a TV surgiu, o fim do disco/CD – quando o MP3 surgiu e, o fim da TV quando a internet surgiu. Todas estas previsões com certeza não compartilhadas pelas massas estavam erradas e continuamos tendo todos estes meios disponíveis para nosso entretenimento. Em verdade, cada pessoa sente-se melhor com um meio do que o outro e por isso acredito que nunca eles desaparecerão. É verdade que eles evoluem e de CDs para MP3s continuamos tendo o conteúdo que é a musica, disponível da mesma forma ou até com melhor qualidade.

Mas, a revolução que está acontecendo no meio de transmissão de imagens, popularmente conhecido como TV, é incomparável com qualquer outro. Há mais ou menos um ano, venho trabalhando no meio de televisão, sendo originário de mídia digital (ou seja transmissão de áudio e vídeo por internet) onde pude presenciar seu despertar, aprimoramento e evolução. Na TV sou um novato, um bicho novo (como diziam dos recém chegados beneditinos no Colégio de São Bento/RJ), e, como todos sabem; bicho novo não tem vez! Só que como sou um ser muito curioso e com hábito de leitura e aprendizado aguçados, logo comecei a sacar a magia da TV e muito mais ainda suas complexidades; muitas delas extremamente concretas, outras completamente antiquadas e absurdas para os tempos tecnológicos em que vivemos. Fazendo uma comparação com abelhas, é como se na colméia ao invés de dançarem para indicar o melhor local onde encontrar o pólen (sim, as abelhas fazem isto e a rainha escolhe o grupo que dança melhor para apontar a direção), as abelhas começassem a emitir algum som ou cantar uma musica!!

A partir do dia em que a briga interna na TV Globo acabou e os feudos internos através de um grande líder e reuniões incansáveis entre departamentos técnicos, de conteúdo, produção, etc, chegaram a um acordo, iniciou-se uma nova televisão e aquela que conhecíamos nunca mais será. Cito a Globo pois participei e acompanhei durante anos da árdua batalha dos insignificantes negócios secundários da empresa (Internet, etc), tentando mostrar a nave mãe quão importante seriam para a empresa; infelizmente este ‘case’ demorou para justificar-se e nem sei com certeza se já se transformou em números expressivos, mas com certeza já fez a cabeça da gestão em relação a sua importância para o futuro do meio de comunicação. A Globo de hoje nunca foi. Infelizmente (felizmente para eles) as outras empresas do setor estão anos atrás e ainda pensando em concorrer na telinha, quando ali (na Globo), já sacaram que o conteúdo já pulou da telinha e, mais ainda, vem pulando dos outros meios para dentro dela! Mesmo assim, empresas de mídia digital que existem puramente online estão fazendo um trabalho incrível e roubando audiência e conteúdo das emissoras de TV; afinal, para muitas delas, quem vai assistir uma olimpíada no computador? “Well, guess what?” Mais de 80 milhões de usuários únicos assistiram aos jogos olímpicos transmitidos ao vivo e com exclusividade na Internet pelo TV Terra. Infelizmente para o Terra ou qualquer outro provedor, o dia em que realmente a Globo quiser e achar relevante que os conteúdos hoje contidos nestes portais como filmes, seriados etc, são relevantes e aumentam as receitas do negócio convergido - bau bau.

A TV de hoje caminha mais e mais para a convergência digital; ou seja, a idéia é que o conteúdo siga você todo dia, toda hora e em qualquer lugar! Portanto, a TV se transformou em apenas um gadget a mais, aquele que você vê sentado no sofá de casa onde tira seu cochilo no fim da tarde de domingo, se for mais geek, com seu notebook aberto, para aprofundar-se mais em alguma notícia, no seu ator favorito ou nas últimas fofocas. Fora do sofá, a TV é completamente inexistente; substituem-na o Youtube, o celular, a mídia out-of-home e o que mais estiver por ser inventado. Se os grandes grupos de mídia não enxergarem esta convergência e tratarem de aprimorar o modelo (não copiar, viu Record?) da Globo com o seu G1 ou o Terra com seu TerraTV, em poucos anos será tarde demais. Infelizmente a quebra deste paradigma passa pela mudança radical no modo de pensar dos lideres destes grupos e estes, infelizmente não estão nem aí para isso.

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